O melhor museu de São Paulo – e um cara que passa o dia inteiro por lá. /
The best museum in São Paulo – and a guy who spends the whole day there
Texto: Bárbara Soalheiro / Fotos: @satodobrasil
Arte mundialmente famosa, de graça, aberta 24 horas por dia. Não é a toa que Sato do Brasil passa bastante do seu tempo por lá. Ou por aí.
Adepto das andanças desde que se entende por gente – um hábito que herdou do pai, que costumava caminhar pela zona norte de São Paulo ajudando em mutirões quem tinha perdido o barraco na enchente – Sato só começou a fotografar o que via nos muros, viadutos e portões depois que descobriu o Instagram. “Isso aqui é um dos melhores museus do mundo. São Paulo é diferente das cidades da Europa ou Estados Unidos, onde a coisa já está mais organizada. Aqui é tudo mais anárquico e é isso que é legal.”
Andando por aí, Sato registra trabalhos de desconhecidos ou de nomes famosos, como JR ou osgêmeos. “E pra mim, não tem essa de ficar pensando se grafite é arte, ou se stencil é arte, ou se pixação é arte. Eu gosto de todas as intervenções, do jeito que cada um escolhe dizer ‘a cidade é minha’ ou ‘este sou eu’”.
Ele escolheu algumas das fotos que fez com o telefone nos últimos meses e conta por que é apaixonado por cada uma delas.
It’s world class art for free, open 24 hours a day. No wonder Sato Do Brasil spends a lot of his time around it.
He’s been a walker for all his life – inherited the habit from his father, who used to go around North São Paulo helping neighbours rebuild houses after floods – but didn’t start shooting the amazing art he saw around until he found out about Instagram. “This is one of the best museums in the world. São Paulo is different from other cities in Europe or the U.S., where things are more organized and controlled. Here, it’s kind of anarchic. And that’s what is cool about it.”
Walking around, Sato registers works from both unknown names and famous guys, such as JR and Osgemeos. “ And I don’t care for this discussion on whether graffitti is art or tagging is art of stencil is art. I like all the interventions in the city and the way people can say ‘the city is mine’, ‘this is me”.
He chose a few pictures he’s taken with his phone on the last months and tells why he is in love with each of them.
Este aqui é do Rui Amaral, um cara das antigas, que fez parte do coletivo TupiNãoDá nos anos 80. ´E um artista plástico que acabou indo pra rua.
This is by Rui Amaral, a guy who started a while back and used to be part of the collective group TupiNãoDá, that started in the 80’s. He is a fine artist guy who ended up going to the streets.
Esse aqui é do NAO, é como ele se chama e ele sempre escreve a palavra nao. ´E feito com extintor de incêndio.
This one is by NAO. That’s who he calls himself and that’s the word he always write. It’s done using a fire extinguisher.
Esse é do Sliks e tá lá na Aclimação. Eu acho isso animal. ´E difícil demais de fazer letra desse jeito.
This is Silks’ and it’s at Aclimação neighborhood. I love this. It’s so hard to do a tagging like this one.
Essa é do Ozi. A gente trabalha bastante junto. Ele é um cara de uns 50 anos, que tá há muito tempo fazendo coisas legais na rua e agora acabou de abrir a primeira exposição numa galeria, na Suíça.
This is by Ozi. We work together a lot. He is a a guy in his 50s, who's been doing great stuff for a long time and that just now has opened his first exhibition in a gallery, in Switzerland.
Esse é do Paulo Ito, fica ali no Beco do Batman, na Vila Madalena. Tem uma pegada política forte, de questionar o jeito como a cidade é construída. Isso é demais.
This is by Paulo Ito and it’s at Beco do Batman, in the neighborhood called Vila Madalena. It has a really strong political view, a strong way of crtiticizing the way the city is being built. I love that.
Esse é dos osgemeos. Os caras expõe no mundo todo, mas quando estão em São Paulo ainda fazem coisas novas, ainda grafitam na rua.
This is by Osgemos. They are exhibiting their work around the world, inside the most famous and prestigious galleries and museums and still, when they come to São Paulo, they still go to the streets and do new things.
Eu adoro esse. Não sei de quem é, mas é tão simples. O cara demora dois segundos, com a lata de spray preto, e faz uma intervenção que diz muito sobre a cidade.
I love this. No idea who did it, but it’s so simple. it takes 2 seconds and one can of black spray and the guy makes an intervention that says so much about the city.
Esse do francês JR, é um lambe-lambe gigante. Fica ali no Sesc Belenzinho.
This is by the french artist JR. It’s at Sesc Belenzinho cultural center.
Do Daniel Scandurra, um moleque novinho, 23 anos e que se aproveitou desses relógios que estavam desativados para fazer um monte de intervenção inspirado na obra do Augusto de Campos.
By Daniel Scandurra, a young lad, 23 years old, who took advantage of these clocks that were out of use to do a lot of intervenções inspired by the work of Brazilian famous concretist poet Augusto de Campos.
Essas duas são do Speto, que também já expoõe em um monte de galeria ao redor do mundo. Eu gosto muito desse traço, até mais do que os que ele anda fazendo hoje.
These two are by Speto, another big name who exhibits in galleries around the globe. I love this style, even more so than what he’s been doing these days.
Do Ninguém Dorme. Eu adoro esse traço. Tem uma coisa de índios, carregando sua casinha.
By Ninguém Dorme. I love this style as well and the fact that it’s this native indians inspiration, them carrying their house.
Eu criei um hastag chamado #rupestreurbano para marcar esse tipo de intervenção. Tenho a sensação de que daqui a 200 anos, as pessoas vão estudar isso como hoje estudamos as inscrições rupestres. Esse é um tipo de intervenção que diz muito sobre a vida numa cidade como São Paulo.
I created a hashtag called #urbanrockart to use on this kind of intervention. I think in 200 years, people will study this as we study rock art these days. This kind of intervention says so much about life in a city like São Paulo
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Bárbara Soalheiro é absolutamente apaixonada por mesas. E tanto, que um dia ela pensou que seria boa ideia ter um grupo de profissionais sentados ao redor de uma mesa para trabalhar em um projeto realmente legal. Ao que parece, um monte de gente gostou dessa ideia também.
Bárbara Soalheiro is absolutely in love with tables. So much that she came up with this idea of having a group of great professionals sitting around a table and working on an amazing project. It turned out a lot more people liked that idea too.